domingo, 30 de setembro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Capitalismo está implodindo, mas não pela mobilização popular

Other News Samir Amin é um dos pensadores marxistas mais importantes de sua geração. Nascido no Cairo, ele passou sua infância e juventude em Port Said. Foi ali onde frequentou a escola secundária. De 1947 a 1957 estudou em Paris, obtendo um diploma em Ciências Políticas antes de graduar-se em Estatística (1956) e Economia (1957). Em sua autobiografia “Itinéraire intellectuel” confessou que sua vida militante só lhe permitia dedicar um mínimo de tempo a sua preparação para as provas na universidade. De fato, logo na sua chegada a Paris, Amin se uniu ao Partido Comunista Francês. Entretanto, terminaria afastando-se desta organização para aproximar-se aos círculos de pensamento maoísta. Samir Amin é autor de uma volumosa obra de análise crítica do capitalismo e de suas crises. Durante uma recente visita ao Equador deste pensador marxista, Irene Leão, da organização FEDAEPS, realizou uma entrevista com ele. Dela tratamos de resumir as ideias que nos pareceram mais significativas. Segundo Samir Amin, entramos em uma nova fase do capitalismo. Ele acredita que se trata de uma etapa qualitativamente nova, caracterizada pela extraordinária centralização do capital, chegando a tal ponto que, hoje em dia, o capital monopólico controla absolutamente tudo. Trata-se de uma relevante mudança qualitativa que ele atribui a qualificação de “monopólio generalizado”, ou seja, que estende seus tentáculos a todas as esferas. Esta característica provoca consequências importantíssimas. “Em primeiro lugar – diz Samir Amin – se desvirtuou completamente a democracia burguesa, pois se antes se fundamentava em uma oposição esquerda/direita, que correspondia a alianças sociais, mais ou menos populares, mais ou menos burguesas, mas diferenciadas apenas por suas concepções da política econômica, na atualidade, nos Estados Unidos, por exemplo, republicanos e democratas, ou na França socialistas da corrente de Hollande e a direita de Sarkozy. Samin acha que o sistema capitalista não só está em crise, mas que o que está ocorrendo é uma autêntica implosão do próprio sistema… Ou seja, o sistema não está sendo capaz de reproduzir-se a partir de suas próprias bases. Ou, dito de outra forma, está sendo vítima de suas próprias contradições internas. Por outro lado, Samir Amin acredita que, diferente do que acontecia no passado, as forças reacionárias dominantes – o capital monopólico – estão concentradas em uma tríade imperialista constituída pelos Estados Unidos –Europa – Japão. A esta tríade se somam todas as forças reacionárias ao redor do mundo que se agrupam, de uma forma ou outra, em blocos hegemônicos locais. De acordo com a opinião de Samir Amin, estas forças reacionárias locais são extremamente numerosas e diferem enormemente de um país a outro. “A estratégia política das forças dominantes, – Estados Unidos – Europa –Japão – está definida por sua identificação do inimigo. Para eles, o inimigo são os países emergentes, ou seja, a China. O resto, como a Índia, o Brasil e outros, são para eles semiemergentes”. Um sistema que implode, mas com fraca resposta popular Para Samir Amin, o sistema capitalista não está implodindo como consequência do ataque organizado dos povos, mas que paradoxalmente sua destruição está sendo uma consequência de seu próprio êxito. “Desgraçadamente, – aponta Samir Amin – se examinamos os movimentos de nossos povos na atualidade, seu grau de consciência sobre a natureza do sistema e, particularmente, sobre a implosão é ainda muito débil e muito limitado. Se circunscreve à esquerda histórica de tradição marxista, enquanto a maioria, ao fim de reiteradas capitulações frente ao neoliberalismo, não se questiona, nem problematiza o assunto de fundo”. E Amin faz uma afirmação histórica: “Os momentos revolucionários são raros e curtos ao longo da história, e se nesses momentos existem iniciativas audazes, estas ganham terreno e avançam muito rapidamente. Não me incomoda escutar que na atualidade, os comunistas no Equador ou no Egito são uma pequena minoria e em certos casos não conseguem nada nas eleições gerais e outras. Se têm audácia, e não somente uma audácia retórica: se empreendem ações, isso se converte rapidamente em uma bola de neve”. Para constatá-lo, explica Samir Amin, basta examinar a história dos partidos comunistas que chegaram ao poder. Alcançaram o poder em um curto tempo. O Partido Bolchevique se constituiu formalmente em 1897. Em 1905, oito anos depois, houve uma primeira revolução e doze anos depois, veio a segunda. Tudo isso em apenas vinte anos. “Quando o Partido Comunista Chinês, se reunia em Xangai, com Mao e outros, eram apenas umas vinte pessoas, muito pouco para um país da dimensão da China. Seis meses depois, eram várias centenas e alguns anos depois, já encabeçavam um pequeno exército local de liberação. A Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, teve características semelhantes”. Samir Amin acredita que, historicamente, as vitórias revolucionárias foram ou rápidas ou inexistentes. “O fato é que os partidos de esquerda que se colocam no freezer durante cinquenta anos, esperando o “momento indicado”, simplesmente se congelam e aí termina sua história”. Tradução: Libório Junior (Carta Maior)

Carta dos moradoes do Morro do Jorge Turco

Recebido via Facebook: Moradores do Morro do Jorge turco estão passando por um momento super difícil nesse exato momento. Estamos assustados em nossas casas e em todo momento ouvimos barulho de tiro. Essa noticia não passa em nenhum tipo de noticiário da Burguesia. Desde as primeiras guerras entre C.V e T.C(na década de 90), o Jorge Turco virou uma das arenas dessa disputa por pontos de vendas de drogas. O Jorge Turco faz parte do que consideramos um grande complexo de favelas da zona norte, e as disputas são dentro desse complexo. Dentro desse complexo, dominam as três facções do tráfico, em cada exército há soldados nascidos e criados na mesma favela; é uma guerra de homens e meninos que foram amigos na infância, hoje atiram um contra o outro. Para agravar a situação, a presença da polícia é quase sempre desastrosa, por dispor de um efetivo de policiais mal pagos e mal preparados, marionetes do Estado. NÃO SUPORTAMOS MAIS VER POBRE ATIRANDO CONTRA POBRE, AMIGO MATANDO AMIGO, QUEREMOS PAZ! O Bonde da Cultura é um movimento cultural e de resistência da Favela Jorge Turco, entre Coelho Neto, Irajá e Colégio.

Hollande anuncia cortes e imposto de 75% para mais ricos

O chefe de Estado anunciou neste domingo uma "agenda para recuperação" cujo eixo central são gigantescos cortes orçamentários e o aumento dos impostos que, em sua maioria, recairá sobre as empresas e as economias dos mais ricos. O contrato proposto é ambicioso. Hollande fixou um plano de um ano para “dar a volta” na curva negativa do desemprego. Os socialistas enfrentam um tipo de histeria selvagem da mídia. E o homem mais rico da França, Bernard Arnault, pediu "exílio fiscal" na Bélgica. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris. Eduardo Febbro - Paris Paris - Chegou a hora de pagar a conta dolorosa, quando as ilusões suscitadas na eleição do socialista François Hollande para a presidência da República em maio passado começavam a fazer ondas sem volume. O chefede Estado anunciou neste domingo uma "agenda para recuperação" cujo eixo central é composto por gigantescos cortes orçamentários e o aumento dos impostos que, em sua maioria, recairá sobre as empresas e as economias dos mais ricos. Trata-se, segundo o próprio Hollande admitiu, do "maior esforço econômico dos últimos 30 anos". O dirigente socialista detalhou que o Estado precisava de 30 bilhões de euros a mais para fechar as contas do ano que vem. Desses 30 bilhões, 20 serão arrecadados via um aumento de impostos compartilhado entre os cidadãos e as empresas e outros 10 bilhões virão de cortes de gastos em quase todos os ministérios. A soma equivale a 1,5% da riqueza nacional. O presidente atravessa um momento delicado: as pesquisas de opinião lhe são adversas – tem a confiança de menos da metade dos cidadãos –, seu próprio campo político não esconde o desconforto perante a aparente imobilidade, a esquerda radical ameaça com o veto de passagens decisivas do texto do projeto e a mídia carrega a crítica contra Hollande, como se ele estivesse no poder há 3 anos. São apenas quatro meses, mas as manchetes dos grandes jornais e semanários refletem uma voracidade indecente : "E se Sarkozy tinha razão ?", pergunta-se a manchete principal do semanário conservador Le Point, enquanto o progressista Libération também se perguntava : "Sarkozy, estás aí ?". A França ficou tão intoxicada pelo sarkozysmo, por sua estratégia invasora, por sua bateria de anúncios e medidas poucas vezes levadas à prática que, na semana passada, o primeiro ministro francês, Jean Marc Ayrault, disse aos jornalistas que era preciso que eles se « desintoxicassem ». O Executivo está sob pressão da imprensa, da impaciência da sociedade, dos efeitos permanentes da crise, do desemprego e das ilusões derivadas de uma mudança que tarda e que a eleição de Hollande fez nascer no eleitorado. Mas o rigor das contas e o exercício do poder impõem limites aos sonhos. Rigoroso e muito sólido em seus argumentos, François Hollande esclareceu neste domingo que, em substância, não mudou sua posição: os ricos pagarão mais. O chefe de Estado interpelou os ricos para que "demonstrem patriotismo" e, na mesma linha, confirmou que o governo implementará uma das promessas da campanha eleitoral que foi decisiva para a sua eleição : o imposto de 75% aplicável a quem tem renda superior a um milhão de euros. « Os que têm mais terão de pagar mais », disse, quando deixou claro que os aumentos de impostos nao se aplicariam nem de forma "linear" nem "indiscriminada". O pacotaço apresentado pelo Chefe de Estado supõe o fim dos privilégios fiscais exorbitantes que o ex-presidente Nicolas Sarkozy tinha concedido aos mais abastados. Quando Hollande anunciou na campanha a taxação de 75% sobre a renda daqueles que ganham mais de um milhão de euros, os grandes atletas, os cantores e os atores botaram a boca no trombone. Foram os inimigos mais acirrados dessa tributação e, hoje, serão os primeiros a pagá-la. No total, com as duas taxações, de 75% e 45%, haverá algo como 3 mil pessoas que voltarão a contribuir com o Estado. Mesmo assim, o presidente deixou claro que os ganhos de capital serão taxados com o mesmo índice que o salário do trabalhador, ou seja, entre 19% e 24%. Hollande disse que, assim como se passa no resto da Europa, a França tem uma "batalha contra o desemprego e contra a dívida. E assim como na Europa, necesitamos de disciplina e crescimento". Na mesma linha dessadeclaração, Hollande anunciou que o Estado criará 100 mil novos postos de trabalho, num mercado golpeado como nunca pelo desemprego. As estatísticas publicadas há uma semana mostram um quadro de 3 milhões de desempregados. O presidente francês propôs à sociedade um contrato temporário para levar o país adiante: “Peço dois anos para solucionar os problemas da competitividade, do emprego e das contas públicas”. Do ponto de vista concreto, a mudança demorará a se formar. O presidente anunciou que as reformas iriam acelerar, mas assinalou: “não posso fazer em quatro meses o que o meu antecessor não fez em cinco anos”. O contrato proposto é ambicioso. Hollande fixou um plano de um ano para “dar a volta” na curva negativa do desemprego. É legítimo reconhecer que os socialistas enfrentam um tipo de histeria selvagem da mídia. Qualquer pessoa que chegasse a França hoje e lesse os jornais e revistas, de esquerda ou de direita, teria a impressão de que chega a um país em guerra e em plena débâcle. “Pedi uma presidência exemplar, simples, próxima do povo e, ao mesmo tempo, estou a favor de uma presidência de ação e de movimento”, disse na televisão, dirigindo-se aos que o acusavam de incompetência, ambivalência e imobilismo. Os anúncios deste domingo são fortes. A pancada fiscal sobre as caixas fortes dos ricos confortará uma sociedade abalada pela decisão de Bernard Arnault, o homem mais rico da França e presidente do grupo LVH, de pedir a nacionalidade belga. Seu gesto foi interpretado como um exílio fiscal – visando a pagar menos impostos – disfarçado. Bernard Arnault deixou claro que não era por isso, que seguiria pagando seus impostos na França. Mas ninguém acreditou nele. Arnault tinha sido um militante aguerrido contra a tributação de 75% sobre os rendimentos superiores a um milhão de euros. Nos últimos dias ele deu um presente de ouro a Hollande: preparou-lhe o terreno para que o aumento de impostos sobre grande parte dos milionários se tornasse inobjetável. Tradução: Katarina Peixoto Publicado Originalmente no Site Carta Maior

SIP é um antro da mídia golpista

Por Altamiro Borges O texto “Dilma irá ao antro midiático da SIP?”gerou certa polêmica. Alguns amigos argumentaram que, como presidenta da República, ela não teria como se ausentar de um fórum de empresários da mídia do continente. Uma atitude deste tipo seria encarada como um “desrespeito à liberdade de expressão”. Os mais otimistas chegaram a dizer que até seria positiva a sua participação na 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, que ocorrerá em outubro na capital paulista, para “dizer umas verdades”. Respeito os argumentos, mas discordo. A SIP não é uma entidade empresarial, mas sim um antro golpista. Na semana retrasada, a própria presidenta Dilma arrumou uma desculpa para não participar de um evento do Grupo Abril, após saber de uma reportagem asquerosa da Veja contra o ex-presidente Lula [vale insistir: cadê a entrevista com o Marcos Valério?]. No caso da SIP, não há diferença nas ações asquerosas. Não precisa nem inventar desculpa. Exponho abaixo um pouco da sinistra história desta entidade “empresarial”. Jules Dubois, o homem da CIA A Sociedade Interamericana de Imprensa não tem nada a ver com liberdade de expressão e, muito menos, com democracia. Ela reúne os barões da mídia do continente que apoiaram golpes militares e sustentaram ditaduras sanguinárias – alguns destes grupos, como a Globo e o Clarín, inclusive construíram seus impérios neste período com as mãos sujas de sangue. Com a redemocratização na região, estes mesmos barões da mídia foram os difusores do receituário neoliberal de desmonte de estado, da nação e do trabalho. Sediada em Miami, a SIP defende os interesses das megacorporações capitalistas e as políticas imperiais dos EUA. Ela até tenta se travestir de “independente”, mas a sua direção sempre foi hegemonizada pelos empresários mais ricos e reacionários do continente. Num estudo intitulado “Os amos da SIP”, o jornalista Yaifred Ron ainda apresenta inúmeros documentos que comprovam os vínculos da entidade com a central de “inteligência” dos EUA, a famigerada CIA. A SIP foi fundada em 1943 numa conferência em Havana, durante a ditadura de Fulgencio Batista. Num primeiro momento, devido à aliança contra o nazi-fascimo, ela ainda reuniu alguns veículos progressistas. Mas isto durou pouco tempo. Com a onda macartista nos EUA, ela foi tomada de assalto pela CIA. Em 1950, na conferência de Quito, dois serviçais da agência, Joshua Powers e Jules Dubois, passam a dirigir a entidade. Dubois comandou a SIP por 15 anos e tem seu nome gravado no edifício da entidade em Miami. Desestabilizar governos progressistas Neste período, a SIP se tornou um instrumento da CIA para desestabilizar os governos progressistas da América Latina. Para isso, os estatutos foram adulterados, garantindo maioria às publicações empresariais dos EUA; a sede foi deslocada para os EUA; e as vozes críticas foram alijadas. “Em resumo, eles destruíram a SIP como entidade independente, transformado-a num aparato político a serviço dos objetivos internacionais dos EUA”, afirma Yaifred. Na década de 50, ela fez oposição ao governo nacionalista de Juan Perón e elegeu o ditador nicaragüense Anastácio Somoza como “anjo tutelar da liberdade de pensamento”. Nos anos 60, seu alvo foi a revolução cubana; nos anos 70, ela bombardeou o governo de Salvador Allende, preparando o clima para o golpe no Chile. “A ligação dos donos da grande imprensa com regimes ditatoriais latino-americanos tem sido suficientemente documentada e citada em várias ocasiões para demonstrar que as preocupações da SIP não se dirigem a defesa da liberdade, mas sim à preservação dos interesses empresariais e oligárquicos”. Contra a regulação da mídia Na fase mais recente, a SIP foi cúmplice do golpe midiático na Venezuela, em abril de 2002, difundido todas as mentiras contra o governo democrático de Hugo Chávez. Este não vacilou e considerou os seus representantes como personas non gratas no país. Ela também tem feito ataques sistemáticos aos governos de Evo Morales, Rafael Correa e Cristina Kirchner. Atualmente, o maior temor da SIP decorre das mudanças legislativas que objetivam democratizar os meios de comunicação na América Latina. Qualquer iniciativa que vise regulamentar o setor e diminuir o poder dos monopólios é taxada de “atentado à liberdade de expressão”. Como aponta Yaifred, o maior esforço da entidade na atualidade é “para frear as ações governamentais que favoreçam a democratização da mídia". A 68ª Assembleia Geral deverá, apenas, ratificar esta linha golpista. Ou seja: nada justifica a participação da presidenta Dilma Rousseff!